sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Aids se alastra entre idosos


Ministério da Saúde, organizações não-governamentais e médicos alertam: as pessoas da terceira idade estão tendo relações sexuais sem prevenção e se contaminando com o vírus da AIDS.

Desde o aparecimento dos primeiros casos e a identificação do vírus da imunodeficiência humana (HIV), a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é um dos grandes problemas de saúde pública no mundo. Entre 1996 e 2006, houve um crescimento da epidemia em pessoas com 50 anos ou mais. O número passou de 7,2% para 17,1% dos infectados entre os homens e de 5,6 para 15,7% entre mulheres. Recentemente, o Ministério da Saúde incluiu os idosos entre os grupos que precisam de atenção especial quanto à prevenção por considerar esta, uma população que não está acostumada ao uso do preservativo e se sente imune aos riscos da contaminação, além de ter sido acostumada a assistir a propagandas voltadas apenas para a sexualidade dos jovens. "Nós temos agora uma preocupação muito maior com a AIDS em pessoas acima de 50 anos do que tínhamos antes, porque apareceram muitos casos novos. Pelas estatísticas, com o aumento da expectativa de vida, das oportunidades sociais e dos medicamentos para disfunção erétil, a tendência é que esses números aumentem", afirma Cristina Pimenta, consultora da Unidade de Prevenção do Programa Nacional de DST/AIDS. O uso do preservativo, com distribuição gratuita em programas voltados para a terceira idade, e a inclusão do teste de HIV nos procedimentos feitos nessa faixa etária - uma rotina que há mais de 20 anos, desde o início da epidemia, acaba sendo adotada de tempos em tempos para um grupo específico, considerado mais vulnerável no momento.

Segundo parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil está entre os países com epidemia concentrada (quando o número de casos, novos ou antigos, em qualquer população de risco é maior que 5%, mas menor que 5% nas populações que não apresentam condutas de risco). Os números em Minas Gerais vêm acompanhando as tendências nacionais e internacionais, sendo as mais significativas o crescimento dos casos entre mulheres e o número cada vez maior de pequenos municípios com casos notificados, o que em Minas, com mais de 600 municípios com menos de 20.000 habitantes, torna-se bastante relevante, e leva o vírus HIV a populações de poder aquisitivo menor, em comparação com a primeira década da epidemia. Portanto, hoje, a AIDS não se encontra restrita ou dominante em gênero ou orientação sexual, a nenhuma camada social, faixa etária ou a fatores demográficos, embora sua maior prevalência ainda se situe nos grandes centros, e em grupos mais vulneráveis, como homens que se relacionam sexualmente com homens e profissionais do sexo.

Quem se contaminou conta que, além da reação muitas vezes negativa da família, é preciso lidar ainda com a incredulidade do próprio médico. "O médico me perguntou se foi transfusão de sangue. Minha filha, então, ficou muito revoltada comigo", comenta a aposentada C. S. S., de 60 anos, que se infectou com um parceiro há cinco anos, depois que o marido morreu. "Eu namorei e achava que não precisava me cuidar porque estava velha.” relata.
A aposentada B. P., de 59 anos, também enfrentou o espanto da família quando descobriu a doença, após a morte do marido por HIV. "Meu filho falou: 'Me choca mais a senhora ser sexualmente ativa do que estar com a doença'", conta ela, que se dedica a fazer palestras e orientar mulheres na mesma condição. "Nós somos da geração de mulheres que se casaram virgens, nos casamos com um príncipe encantado. Agora, descobrimos que ele transmitiu a doença para nós. E de repente nos vemos com HIV. É absolutamente cruel", conta ela, casada novamente, com um homem sem o vírus. "Temos de redescobrir o prazer e aprender a usar camisinha. Mas é uma mudança social.", diz. B. P. ainda critica a falta de políticas para a prevenção da doença entre os idosos. "A AIDS não começou com cara de velho, com cara de mulher. Somos velhos e ficamos relegados a último plano", afirma. "A gente tem que falar que a doença existe e qualquer um pode pegar. Não pode a esta altura da vida, com tudo isso que a gente passa, ainda ficar com vergonha e desistir. Tem de ajudar para que não aconteça com outros", resume C. S. S.. Em Varginha, a situação é igualmente preocupante, entre os anos de 2000 e 2007, 29 casos foram confirmados “este número pode ser o triplo porque nem todas as pessoas fazem o teste para a confirmação” diz Roseana Souza Silva, Coordenadora de DST AIDS da Secretaria de saúde de Varginha. Os indicadores de mortalidade por AIDS sofreram alterações acentuadas com o advento da terapia anti-retroviral combinada, em países em que a disponibilidade desses medicamentos é gratuita, como no Brasil. Ainda sem cura, a AIDS hoje tem tratamento e traz novos desafios para as pessoas infectadas pelo HIV. “Usar preservativo e levar a sério o tratamento é uma prática que pode aumentar em até 20 anos a expectativa de uma pessoa soro positiva, que pode viver sem limitações” informa Roseane. E para escapar da AIDS não importa raça, idade, sexo e nem credo, as opções são a abstinência sexual, a fidelidade ou o uso de preservativos.

O que é AIDS?

A AIDS é uma doença que se manifesta após a infecção do organismo humano pelo Vírus da Imunodeficiência Humana, mais conhecido como HIV. Esta sigla é proveniente do inglês - Human Immunodeficiency Virus. Também do inglês deriva a sigla AIDS, Acquired Immune Deficiency Syndrome, que em português quer dizer Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.

Síndrome
Grupo de sinais e sintomas que, uma vez considerados em conjunto, caracterizam uma doença.
Imunodeficiência
Inabilidade do sistema de defesa do organismo humano para se proteger contra microorganismos invasores, tais como: vírus, bactérias, protozoários e outros.

Adquirida
Não é congênita como no caso de outras imunodeficiências. A AIDS não é causada espontaneamente, mas por um fator externo (a infecção pelo HIV).

O HIV destrói os linfócitos - células responsáveis pela defesa do nosso organismo -, tornando a pessoa vulnerável a outras infecções e doenças oportunistas, ou seja, que surgem nos momentos em que o sistema imunológico do indivíduo está enfraquecido. Há alguns anos, receber o diagnóstico de AIDS era quase uma sentença de morte. Atualmente, porém, já pode ser considerada uma doença crônica. Isto significa que uma pessoa infectada pelo HIV pode viver com o vírus, por um longo período, sem apresentar nenhum sintoma ou sinal. Isso tem sido possível graças aos avanços tecnológicos e às pesquisas, que propiciam o desenvolvimento de medicamentos cada vez mais eficazes. Deve-se, também, à experiência obtida ao longo dos anos por profissionais de saúde. Todos estes fatores possibilitam aos portadores do vírus ter uma sobrevida cada vez maior e de melhor qualidade.

Fonte: Ministério da Saúde

Informe-se: www.aids.gov.br ou 3690 2246

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Consciência corporal e força em uma só modalidade

Ritmo, força e sensualidade chegam a Varginha com a “Dança do Queijo”.

O Pole Dancing - popularizada no Brasil como a dança do queijo - é hoje reconhecido como uma arte. Sua história data do século XII, quando era considerada uma forma de dança de fertilidade pagã. Originada na Inglaterra e popularizada na Europa, é característica em cabarets. No entanto existem inúmeras culturas que se dedicam a dançar às voltas de instrumentos verticais; o nome Mallakhamb consistia na prática do ioga num varão de madeira ou numa corda suspensa usados por lutadores para aumentar a força. O Pole Dancing é uma dança que incorpora movimentos giratórios e posições estáticas, posições invertidas e movimentos de dança.

Sucesso na novela das 9 da TV Globo, o Pole Dance chega a Varginha como um reforço das culturas européias e da libertação feminina, a Academia Mega Forma mal lançou a modalidade e já tem dificuldades com os horários. “Sabíamos que a procura seria grande, mas estamos surpresos com o número de interessados” diz Jaqueline Luz professora que vai ministrar as aulas. Especialista de dança há 20 anos, Jaqueline considera o Pole Dance como o reconhecimento do próprio corpo, capaz de aumentar a auto-estima e desenvolver a musculatura. “Trabalhamos muito flexibilidade, força muscular e consciência corporal.” diz. “Existem inúmeras combinações de movimentos, todos eles exigindo a manipulação do corpo entre acrobacias.” Complementa.
Outros movimentos, especificamente os movimentos invertidos requerem a fricção da pele contra o varão. Esta dança pode ser adaptada a qualquer estilo de música, dependendo dos passos, do modo como são executados e do ritmo utilizado na coreografia. “O elemento chave da execução perfeita de Pole Dancing está na combinação de uma forma elegante e graciosa de posições e movimentos acrobáticos com a interpretação musical” diz a professora. Como o Pole Dance não tem limites na sua criatividade cada bailarina estabelece e cria o seu próprio estilo.

Foto: Jéssica Luz