Areia, cal, massa e tijolo. O sonho de muitas pessoas foi construído pelas mãos do servente de pedreiro, Manoel Loreno da Silva, o Seu Manoelzinho, como é conhecido em Mantenópolis, interior do Espírito Santo, onde cresceu. A falta de estudos não diminuiu os sonhos desse analfabeto de 56 anos, apaixonado por cinema. Desempregado e com difculdades para manter a família, ele conseguiu um trabalho para auxiliar na montagem dos equipamentos de um projeto que levava cultura a cidades onde a sétima arte ainda não havia chegado. "Eu ia prá lá de manhã e assistia a todas as sessões, só saía de lá à noitinha!" conta o pedreiro. A paixão pelo cinema foi crescendo e a vontade de fazer seus próprios filmes também, o pouco que tinha gastou com as pequenas produções de faroeste, mas pôde contar com os amigos no elenco e empréstimo de equipamentos como a câmera VHS usada nas gravações. O resultado foi um sucesso sem precedentes, o diretor, era também produtor, roteirista e galã de suas cenas, "o bandido morre no final e eu não gosto de morrer, tenho que ficar até a última cena!" ri. Depois do primeiro filme, teve auxílio do Governo do Espírito Santo e atualmente dá palestras em work shops de cinema. São inúmeras entrevistas para jornais, rádio, TV... Foi recebido como herói em sua cidade, tendo até de fazer discurso no palanque da praça. Seu Manoelzinho, mesmo desempregado e com dificuldades financeiras, é um dos mais ativos diretores de cinema do Brasil, já tendo produzido 40 longas. Pelas formas inusitadas com que chegou ao sucesso, Seu Manoelzinho virou tema do documentário “O Sonho de Loreno”, da diretora Alana Almondes. "Eu trabalhava como pedreiro. Eu fico até com vergonha, mas já apareci na Globo e no SBT e hoje eu sou famoso. O cinema me dá tanta felicidade e tantas idéias que até esqueço os problemas que tenho”. O projeto Revelando os Brasis continua pelas estradas do Brasil levando o cinema ao conhecimento de comunidades sem recursos e despertando os sonhos.
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